Conheça quem foi o artista Albert Eckhout e entenda um pouco mais sobre suas famosas obras!
Quando os europeus chegaram ao novo mundo, se deparam com diversidades culturais bem diferentes das que estavam acostumados. Eram novas línguas, etnias e religiões. No Brasil, havia diversas tribos. Uma das linguagens mais faladas era o Tupi, que eram oficiais das tribos indígenas Tamoios, Guarani, tupiniquim, tabajara, dentre outros.
Esse choque cultural entre os dois mundos, fez com que os europeus achassem esses novos povos, ainda ‘não civilizados”, exóticos, e trouxeram diversos historiadores, artistas e filósofos para retratar como eram as vidas deles. Uma das mais famosas retratações é a carta de Pero Vaz de Caminha.
O artista Albert Eckhout também foi designado a essa função, mas para entender melhor sobre ele, é importante contextualizarmos algumas situações dos séculos XVI e XVII.
No final do século XVI, nos anos de 1570, houve uma crise dinástica em Portugal. Com a morte de D. Henrique, houve uma crise na dinastia de Avis, que acabou resultando em entronização de Felipe II da Espanha como rei de Portugal, o que acabou unindo os dois tronos, conhecido como a união Ibérica. Com isso, alguns problemas que afetariam as colônias começaram a surgir.
Quando Felipe assumiu o trono Português, a Espanha estava em guerra com os Países Baixos, também conhecido como Holanda. Naquela época, o pequeno país Ibérico que colonizou o Brasil, tinha grandes negócios de açúcar com diversas outras nações.
No entanto, essa união e a guerra que estava acontecendo, fizeram com que os holandeses fossem excluídos desse negócio e, como vingança, decidiram atacar as colônias Portuguesas, incluindo o Brasil.
Depois de diversos ataques (e uma trégua) que aconteceram ao nosso país entre os anos de 1604 e 1630, a Holanda conseguiu conquistar Recife e Olinda e, depois, expandiram suas colônias para outras regiões do Nordeste. Essa expansão aconteceu entre os anos de 1630 e 1637, chegando a Paraíba e a Sergipe.
A partir daí, a administração dessas colônias foi entregue para João Maurício, conde de Nassau, e é nesse ponto que a história do artista Albert Eckhout começa em nosso país. Continue lendo o post de hoje da Oficina de agosto e entenda mais sobre ele.
Quem foi e como foi a chegada do artista Albert Eckhout em solo Tupiniquim
Quando a administração das colônias holandesas no Brasil foi entregue a João Maurício de Nassau, um militar alemão, o conde teve como tarefa, que dividiu com Frans Post, a retratação do Brasil para os Europeus.
Albert Eckhout era um pintor e desenhista holandês que nasceu na cidade de Gröningen, nos Países Baixos. Sobrinho de outro artista, o pintor Gheert Roeleffs, foi convidado por Nassau para integrar na expedição para o Nordeste brasileiro e veio para cá junto com a comitiva de Maurício.
Em solo Tupiniquim, o artista Albert Eckhout permaneceu dos anos de 1637 até 1644, especialmente no estado de Pernambuco, na cidade de Recife, como um membro de ativos de estudiosos da corte de Nassau, onde desenvolveu diversos trabalhos com desenhos e telas sobre animais, flores, frutas e índios.
Mas quais foram as obras desse incrível artista?
Suas obras, sobretudo, retratavam os primeiros habitantes do nosso país, entre os quais estavam os mulatos, negros e mamelucos, sendo “A dança das Tapuias”, uma tela que retrata a dança de uma preparação da tribo indígena Tarairús (que habitava os estados de Pernambuco, Paraíba, Rio grande do Norte e Ceará) para um confronto com o inimigo.
Considerada sua obra-prima, na época em que ela foi criada (provavelmente em seu regresso a Europa), chocou os povos europeus, sobretudo os calvinistas, que reprovavam a nudez da pintura, que era fora dos padrões renascentistas, e ela não foi aceita.
A obra foi dada de presente pelo próprio Eckhout para seu primo, Frederico II da Dinamarca em 1654, e atualmente está no Museu Nacional da Dinamarca, na cidade de Copenhage.
No entanto, além dela, o artista produziu outros desenhos, que foram presenteados por Nassau para o rei Luiz XIV da França, o rei Sol. Eles foram levados para a manufatura de tapeçarias, que produziu uma série de peças que se tornaram muito populares no século seguinte. Atualmente, 5 delas podem ser encontradas no Museu de Artes de São Paulo, o MASP.
Além disso, Dom Pedro II do Brasil também mandou fazer algumas cópias em escala menor de seus trabalhos, onde se encontram atualmente no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, localizado no Rio de Janeiro.